domingo, 9 de agosto de 2009

Imóvel. Inerte. Parado. Aquele órgão que pulsava constante dentro deles parecia que assim estivera. As leis corpóreas haviam se modificado a tal ponto que havia mesmo acontecido? Talvez, por um breve instante. Foi logo após o momento em que ela colocou a mão sobre a caixa que guardava seu órgão vital e disse-lhe “é seu, todo seu”. Arrancando com veemente força de dentro de si, passava a estar agora em suas mãos, coberto por músculos, pingando o liquido venoso que também por seu corpo transitava. De mãos estendidas em gesto de oferta repetia-lhe “é seu”. Foi nesse breve instante que ele sentiu o órgão similar aquele que via em sua frente parar. Ideias imóveis. Corpo sem substancia Abruptamente, como quem abre afoito uma porta de emergência, abriu sua caixa torácica e o tirou de lá. Novamente através de um movimento repentino depositou-o na cavidade torácica dela. Um diante do outro viam, absortos no silêncio, o pulsar do órgão. “Sempre lhe pertenceu”, disse ele. Com a cautela proveniente de sua natureza feminina, ela levou seu órgão ainda quente ao vazio corpo e o depositou. Agora o pulsar em ambos era frequente.
Ao abrirem os olhos ao mesmo instante, quase que involuntariamente, se olharam. Não haviam marcas em seus corpos e o lençol continuava alvo. Voltaram a dormir.

Um comentário:

binhobrill disse...

Você, com seus belos textos, sempre nos leva ao onírico lado do ser.