quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Pedro

Pedro tinha um violão, falava manso e sabia olhar por dentro. O que ele mais gostava era de sair pelas ruas olhando pra dentro de quem passava, pronunciar palavras mansas e escorregar seus dedos pelas cordas do instrumento, até que todos os seus gestos virassem música. Só voltava pra casa quando as cordas do violão se afrouxavam. Pedro se conheceu de fora pra dentro, dos outros pra si. Cada canção que compunha era um orgão a se formar em seu corpo, um sentimento descoberto. E quando as cordas se afrouxavam, ele as apertava com cuidado para que no outro dia pudesse voltar as ruas e se compor novamente.

10 comentários:

william gomes disse...

Tão bom.

binhobrill disse...

É, as pessoas deviam ser um pouco mais Pedro, e ao menos tentar se olhar de fora.

Começou o ano cheia de gás, hein?!

Guerreiro Solar - Kin256 disse...

Ei, esse sou eu. OO

Anônimo disse...

Eu conheço uma "Pedro".
rs

Cebolitos... disse...

Que Belo...

joao p. guedes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
joao p. guedes disse...

Eis uma parábola da vertente impressionista que continuamente se converte ou se potencializa na vertente expressionista para outras frinchas subjetivas sorvedoras, digamos, do "mundo interno de fora de Pedro", que, no fim dos termos, tem a mesma medida que a vertente impressionista.

Genildo Cerqueira disse...

Acho que eu vejo um pouco de Pedro em mim...

Juliana Almirante disse...

Me deu saudade de um Pedro poeta, que conheço. As cordas dele são as palavras...

Prazer, moça
volte quando quiser
=]

Anônimo disse...

Dani, adorei teu blog, desde o visual aos textos. Reflete ele todo você, meigo e com uma pulga poética atrás da orelha (ou pendurada num cacho - adorei o diá(monó)logo "meus cachos"). Muito gracioso e afinado, como deve ser o violão de Pedro ;)