Pedro tinha um violão, falava manso e sabia olhar por dentro. O que ele mais gostava era de sair pelas ruas olhando pra dentro de quem passava, pronunciar palavras mansas e escorregar seus dedos pelas cordas do instrumento, até que todos os seus gestos virassem música. Só voltava pra casa quando as cordas do violão se afrouxavam. Pedro se conheceu de fora pra dentro, dos outros pra si. Cada canção que compunha era um orgão a se formar em seu corpo, um sentimento descoberto. E quando as cordas se afrouxavam, ele as apertava com cuidado para que no outro dia pudesse voltar as ruas e se compor novamente.
Dois dois
Há 5 meses
10 comentários:
Tão bom.
É, as pessoas deviam ser um pouco mais Pedro, e ao menos tentar se olhar de fora.
Começou o ano cheia de gás, hein?!
Ei, esse sou eu. OO
Eu conheço uma "Pedro".
rs
Que Belo...
Eis uma parábola da vertente impressionista que continuamente se converte ou se potencializa na vertente expressionista para outras frinchas subjetivas sorvedoras, digamos, do "mundo interno de fora de Pedro", que, no fim dos termos, tem a mesma medida que a vertente impressionista.
Acho que eu vejo um pouco de Pedro em mim...
Me deu saudade de um Pedro poeta, que conheço. As cordas dele são as palavras...
Prazer, moça
volte quando quiser
=]
Dani, adorei teu blog, desde o visual aos textos. Reflete ele todo você, meigo e com uma pulga poética atrás da orelha (ou pendurada num cacho - adorei o diá(monó)logo "meus cachos"). Muito gracioso e afinado, como deve ser o violão de Pedro ;)
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